Cadastre seu e-mail e receba as atualizações do Blog:

Mostrando postagens com marcador Valdir Disconzi. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Valdir Disconzi. Mostrar todas as postagens

O Poço O Piá E O Tempo

O Poço O Piá E O Tempo
(Dilamar Costenaro, Valdir Disconzi, Xuxu Nunes)
                                                                                         
Poço de balde que tanto matou a sede, 
Cuidou da infância de um menino, qual fui eu,
Espelho d’água que reflete sóis e luas,
Guardou segredos que a própria vida esqueceu.

Seu velho balde hoje enfeita um jardim,
Chegou ao fim o sobe e desce em alvoroço,
A manivela foi espaçando os rangidos,
E pouco a pouco, silenciou a voz do poço.

Saibam que o tempo nos leva pelo cabresto,
Coisa que o balde naquele poço aprendeu,
E aquelas águas que estamparam um piazito,
Guardam a imagem de um moço que envelheceu.

A lida bruta sempre consumiu seus dias,
E o bom campeiro foi gastando a vida, assim.
Tal qual o poço que ficou no esquecimento,
A solidão, também costeia o seu fim.

Nessa quietude, mergulha em seus devaneios,
E vez por outra vai ao poço e se demora,
Cansa seus olhos, numa procura paciente,
Buscando o moço que ele não viu ir embora.


Boiada De Penas



Boiada De Penas
(Valdir Disconzi, Zulmar Benitez)

De pouco importa se o potro malacara
É de taquara e a invernada é só o terreiro,
A galopito por entre galpões e a casa,
Um piá dá asas ao instinto de tropeiro.

Enche seus olhos a criação reunida:
Vacas paridas e alguns touros pelo meio.
Não vai ser fácil para o nosso campeirinho
Levar sozinho esse gado até o rodeio.

Um ganso macho que tem pêlo de sinuelo,
Dá gosto vê-lo troteando firme na ponta,
Puxando a tropa que traz alçados e mansos,
Que sejam gansos, o que importa é o faz de conta.

Deus te permita, meu gurizito tropeiro,
Ser um campeiro de dobrar qualquer torena,
Mas por enquanto,  vai enfeitando teus dias
Com esta magia de tropear teus bois de penas.

Uma picaça vai se abrindo de mansito
E ele aos poquitos traz de volta a que destoa,
Leva o cavalo com cuidado e sem alarde
Porque já sabe que se apertar ela voa.

Por certo, pensa em um guri de cinco ou seis anos:
Faz falta um mano que me entenda e que me ajude
Vencer distâncias empurrando essa boiada,
Nessas tropeadas lá de casa até o açude.