Cadastre seu e-mail e receba as atualizações do Blog:

Mostrando postagens com marcador Pelo Fio Do Alambrado. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Pelo Fio Do Alambrado. Mostrar todas as postagens

Pelo Fio Do Alambrado

Pelo Fio Do Alambrado
(Evair Soares Gomez , Fernando Soares, Leonel Gomez)

Ao passo clareia o dia tranqueando igual ao cavalo
A cerca do alambrado pelos fios levava a vida
A D’alva já se escondia no aconchego das macegas
E a trança firme da rédea baixo o poncho se perdia.

Chora o sereno caído, o fio liso do alambrado
Mágoas que guardou o farpado pra enferrujar-se em seguida
Se vai a cerca estendida guardando limo na trama
Donde uma teia de aranha tece seu rumo de vida.

O mesmo fio do alambrado que já me foi guitarreiro
Atorou a pata do oveiro entre o machinho e o casco
Junto ao potreiro dos guachos de uma estância alheia
Relincha pro volta e meia sentindo quando eu me aparto.

Vou olhando o alambrado, pois entre as coisas que guarda
Fica um naco da minha alma ali na estância, pra trás
E por certo muito mais quando chegar lá nas casas
O meu piá com olhos d’água e um cabrestito no más.

O alambrado no passo, como uma potra gateada
Guarda a crina da cruzada de alguma enchente matreira
Me apeio na porteira, desprendo a argola da trama
E uma estrada se derrama por duas cercas lindeiras.

E ao passo se achega à noite num mesmo trote, o cavalo
E a lua traz seu regalo luzindo o arame de cima.
A D’alva na sua rotina de espiar o dia passado
E a cerca do alambrado pelos fios levava a vida.

Vou olhando o alambrado, pois entre as coisas que guarda
Fica um naco da minha alma ali na estância, pra trás
E por certo muito mais quando chegar lá nas casas
O meu piá com olhos d’água e um cabrestito no más.