O Poço O Piá E O Tempo
(Dilamar
Costenaro, Valdir Disconzi, Xuxu Nunes)
Poço de balde que tanto matou a
sede,
Cuidou da infância de um menino,
qual fui eu,
Espelho d’água que reflete sóis e
luas,
Guardou segredos que a própria
vida esqueceu.
Seu velho balde hoje enfeita um
jardim,
Chegou ao fim o sobe e desce em
alvoroço,
A manivela foi espaçando os
rangidos,
E pouco a pouco, silenciou a voz
do poço.
Saibam que o tempo nos leva pelo
cabresto,
Coisa que o balde naquele poço
aprendeu,
E aquelas águas que estamparam um
piazito,
Guardam a imagem de um moço que
envelheceu.
A lida bruta sempre consumiu seus
dias,
E o bom campeiro foi gastando a
vida, assim.
Tal qual o poço que ficou no
esquecimento,
A solidão, também costeia o seu
fim.
Nessa quietude, mergulha em seus
devaneios,
E vez por outra vai ao poço e se
demora,
Cansa seus olhos, numa procura
paciente,
Buscando o moço que ele não viu ir
embora.