Cadastre seu e-mail e receba as atualizações do Blog:

Mostrando postagens com marcador Mauricio Barcellos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Mauricio Barcellos. Mostrar todas as postagens

Não Quero Viver Esse Adeus

Não Quero Viver Esse Adeus
(Mauricio Barcellos)

Vive nas varandas mornas dessa casa grande
Uma saudade a me encontrar silente,
Um verso triste a falar por si
Que vive nas lembranças tantas que guardo comigo
E tantas vezes me seve de abrigo
Quando me perco a esperar por ti

Se canto todos os meus avessos nessas linhas tortas
É por que a vida me fechou as portas
E da janela não se vê o sol
Se teimo em me fazer posteiro desses desalentos
É na ilusão de dissipar tormentos
Então rever as brasas do arrebol

A vida perde o tino, meus olhos perdem os teus
Se os rumos apartam destinos
Não quero viver esse adeus

Faz tempo que te busco em vão em cada verso meu
E o coração é um versejo ateu
Pedindo rimas a olhar pro céu
Se chora a voz de um bandoneon por essas noites longas
É que me vejo só por entres as sombras
E a saudade me dispõe seu véu

Carece do teu jeito lindo de manhã serena
A minha vida que restou pequena
E esse rancho que ficou vazio
No mate uma vontade louca de sentir teu gosto
Pra que o sorriso rebrote no rosto
De quem se vê com o coração estio



Intérprete: Mauricio Barcellos

Na Palma Da Mão (Enquanto Mateio)


Na Palma Da Mão (Enquanto Mateio)
(Rodrigo Duarte, Paulo Fleck, Mateus Neves Da Fontoura, Maurício Barcellos)

O mundo gira enquanto mateio
Se reinventa a cada instante
É minha hora de parar rodeio
O meu olhar se faz distante

Além da fumaça que vela meus olhos e o meu pensamento
Além das porteiras das tantas fronteiras dos meus sentimentos
Além das palavras não ditas de toda poesia
Além das verdades cansadas do meu dia a dia

O mundo gira enquanto mateio
Agora vejo o que me cerca
A vida é mais do que um simples rodeio
Nessas paisagens descobertas

É o abuso que move meus passos em busca de novos caminhos
É o jeito de ser por inteiro e o meio de não ser sozinho
É o que vai além do horizonte e além do silêncio
É o mundo na palma da mão onde me reconheço

E a mão estendida, o sal, a ferida, pastores, rebanhos
É o homem perdido buscando sentido nos seus desenganos
É um tempo de espera por novas bandeiras e falsos profetas
É a gente insistente que ainda acredita, que ainda contesta

É a semente no solo e o filho no colo, o brilho no olhar
É o homem na lua, um menino de rua, as pernas pro ar
É o sopro da vida, é a bala perdida, a pedra e o tropeço
É a fuga de casa, um voo sem asas, um novo começo

É a fome que impera, a dor que desterra, o sonho na estrada
Então a esperança nos ergue e nos lança na eterna jornada

O mundo gira enquanto mateio...
O mundo gira, gira, gira, gira, gira...

Negro Bonifácio


Negro Bonifácio
(Luiz Bastos, Antônio Augusto Ferreira, Mauro Ferreira)

Mataram o Bonifácio num comércio de carreira
Caiu o negro peleando para que a morte sotreta
Se espoje na carne preta, sem perguntar: até quando?
Caiu o negro peleando.

Era tão linda Tudinha,
De enfeitiçar qualquer um.
E aquele negro muçum,
Que encanto será que tinha?

Como entender seu achego?
Tinha nas mãos o Nadico!
Tanto moço branco e rico,
E aquele caso com um negro!

Em casos de valentia,
Há sempre um negro no flanco.
Bonifácio fosse branco
Nem história se teria.

Caiu o negro peleando para que a morte sotreta
Se espoje na carne preta, sem perguntar: até quando?

Bonifácio teus direitos permanecem obscuros
Enredados nos impuros caminhos dos preconceitos.

Pilchas

Pilchas
(Luiz de Martino Coronel, Airton Pimentel)

Não pensem que são pirilampos estas estrelas lá fora
É a lua clara dos campos refletida nas esporas
Não pensem que são pirilampos estas estrelas lá fora
É a lua clara dos campos refletida nas esporas

Se uso vincha na testa é pra ver o mundo mais claro
Não vendo o mundo por frestas lhe posso fazer reparos
Sem cinturão com guaiaca me sinto quase que em pelo
Quando meu laço desata sou carretel de novelo

Da bodega levo um trago pra matar a minha sede
Meu chapéu de aba quebrada beija santo de parede

Atirei as boleadeiras contra a noite que surgia
Noite adentro entre as estrelas se tornaram Três Marias