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ENTRE O TANGO E A SAUDADE


TÍTULO

ENTRE O TANGO E A SAUDADE

COMPOSITORES

LETRA

ÂNGELO FRANCO

MÚSICA

ÂNGELO FRANCO

INTÉRPRETE

ÂNGELO FRANCO

RITMO

TANGO

CD/LP

29ª TERTÚLIA MUSICAL NATIVISTA

FESTIVAL

29ª TERTÚLIA MUSICAL NATIVISTA

MÚSICOS

YURI MENEZES – VIOLÃO

GUILHERME CASTILHOS – VIOLÃO

MATHEUS ALVES – VIOLÃO

MIGUEL TEJERA - BAIXO

PREMIAÇÃO

2º LUGAR

MELHOR LETRA

 

ENTRE O TANGO E A SAUDADE
(Ângelo Franco)

Usei toda a malandragem que possuía,
Pra encantar uma guria
Daquelas de apaixonar,
Sofrenei meu estilo desleixado
Fiz pose de comportado
E até voltei a estudar...

Comprei roupas com dinheiro que eu não tinha,
E a minha fama de galinha
Abafei com a parceria,
Pra cheirar feito a mão de um boticário,
Sepultei o mostruário
Da melhor perfumaria...

Arranjei com um colega de carteado
Um Chevette rebaixado
E um vale refeição,
Convidei a princesa pra jantar,
Furtei rosas pra lhe dar
Junto com meu coração...

Levei meses pra roubar o primeiro beijo,
Quase morri de desejo
E já findava o repertório,
Pois a moça era do tipo linha dura,
Que cuidava da postura
Pra evitar o falatório...

Eu que sempre me agradei da quantidade,
Me iludi com qualidade,
Encontrei desilusão,
Pois ali entreguei meu sentimento
E perdi o investimento
Sem saber porque razão...

Ela hoje é casada com um “banana,"
Que faz pose de bacana
E vive pra trabalhar,
Enquanto eu me arrependo da passagem
E voltei pra "chinelage"
Que sempre foi meu lugar.

Então vivo lá no baixo meretrício,
Escorado no meu vício de poeta e cantador,
Do inferno já me sinto liberado,
Pois paguei os meus pecados
Por acreditar no amor...

Queira Deus que num próximo momento!
Eu encontre fundamento sem perder a liberdade,
Pois a história num tremendo desatino,
Escreveu o meu destino, entre o tango e a saudade...

Quando A Tropa Está Estourada

Quando A Tropa Está Estourada
(Ramiro Amorim, Erlon Péricles)

Mormaceira, tarde quente, no céu um corvo agourento ,
Campo quieto, nenhum vento, a tropa vinha abombando,
“Eu de cá” não achei graça quando se armou pro Sul,
Enegreceu o céu azul e a manga veio estourando.

Nisso o lote da ponta enveredou no aramado,
O seu Marcos assustado correu o facão nos fios,
Dois ficaram a cuidar da tropa no corredor...
“Eu de cá” fui de fiador, costeando a margem do rio.

Disse o Nelson, há bem pouco, ter visto formiga de asa,
Tacuru que abriu a casa sabendo que vinha água,
“Eu de cá” pensei que era uma chuva de verão,
Não uma tormenta osca de deitar as crinas no chão!

"Oito campeiro e três cusco" a repontar esses bois,
Bem certo eram vinte e dois, no total cento e quarenta,
Duas horas de tormenta, cachorro, estalo de relho,
Um boi pampa bem parelho caiu sangrando na venta.

Trovão, ventania e raio de enxergar o pago inteiro
A água pelos bueiros arrebentava os gargalos.
Lembro tudo o que falo, pois pouco adiantou a cuscada,
Quando a tropa está estourada precisa mesmo é cavalo.

Têm coisas que a gente pensa e mesmo com experiência
Pelas lidas da querência, patacoadas e atropelos ,
Perde o fio do novelo, fica a cismar onde errou,
O primeiro que desgarrou era manso e era sinuelo.

A chuva se foi num upa, o temporal ganhou mundo,
Olhares quietos, profundos, nos semblantes encharcados,
Alinhamos todo o gado e nenhum chego no rio,
Perdemos só o que caiu no lançante pro banhado.

Intérpretes: Ângelo Franco, Cristiano Quevedo


Embretados

Embretados
(Davi Teixeira, Igor Silveira)

'Cumpadre' me dá noticia
Das "côsa" da capital
Aqui pro 'hôme do campo'
A peleia é desigual
Não chega a 'mosca' 'tristeza'
Tem "toalete" e "funrural"
E agora tão me cinchando
Co'a tal 'reserva legal'

"Apepês" e "pepepês"
"Preservação do ambiente"
Conversa de boitatá
Só vão embretando a gente
Este restinho de pampa
Que "traigo" tão bem cuidado
Querem virar tudo em grota
O que era bóia pro gado

'Cumpadre' na zona urbana
Não tá muito diferente
Tem gente pior que o gado
Com a boia escassa na frente
As rua tão 'entupida'
Nem se atende pelo nome
Cada um já tem um brinco
No brete do 'mata-fome'

Diz que a 'Dê' pulo pra 'Cê'
"Com mais pataca no bolso"
Conversa de boitatá
No fim tudo vira imposto
A carne que tu produz
Me chega sobretaxada
Tô descascando "as agulha"
Pra "comê uma desossada"

Mete o cavalo cumpadre
Não bamo chora as pitanga
Quem nasceu pra paleteá
Não vai vira boi de canga

Mete o cavalo cumpadre
Vamo dá uma encostadinha
Divulgá pra sociedade
Que o boi não brota das "arve"
E que o leite não da em caixinha

'Cumpadre' aqui na campanha
Coma lotação não se brinca
Se apérto as vaca dão 'faia'
Se afrouxo me pega o INCRA
Tenho visto que a 'pastura'
A cada ano se apóca
E eu que nem rato em guampa
Não acho a porta da toca

Antes diziam que o Dólar
Encarecia os 'insumo'
Pois vem que é 'cola de égua'
E não me sobre nem pro fumo
'Temo embretado cumpadre'
Na campanha e na cidade
Se tapo a volta da "oreia"
Me gela 'as extremidade'

Mete o cavalo cumpadre
Não bamo chora as pitanga
Quem nasceu pra paleteá
Não vai vira boi de canga

Mete o cavalo cumpadre
Vamo dá uma encostadinha
Divulgá pra sociedade
Que o boi não brota das "arve"
E que o leite não da em caixinha


Eu E Meu Cavalo


Eu E Meu Cavalo
(Ângelo Franco)

Seguimos eu e meu cavalo
Nosso destino de andejar
Que a vida é um sonho inconformado
Pra quem tem sede de buscar...

Olhos em brasa, crinas ao vento,
Dentro do peito bate um tambor,
Centauro xucro, criado a campo,
Feito um “relampo” no corredor...

Não há quem pare nosso galope,
Nem há quem tope a nossa parada,
Que a cancha é nossa e “joguemo a dobre”
Por garantia da pataquada...

Seguimos eu e meu cavalo
Nosso destino de andejar
Que a vida é um sonho inconformado
Pra quem tem sede de buscar...

Sangue latino, sangue pampeano,
De amor e luta, de guerra e paz,
Por isso a força de abrir caminhos
O telurismo que a gente traz...

Não froxo o tranco, pois sei que o tempo
Sabe por viejo e sabe por malo,
Eu sou de um povo que escreve a história
A suor e pata de cavalo

Seguimos eu e meu cavalo
Nosso destino de andejar
Que a vida é um sonho inconformado
Pra quem tem sede de buscar... 

Carreira de Campo


Carreira de Campo
(Gujo Teixeira, Érlon Péricles, Ângelo Franco, Pirisca Grecco)

Era uma tarde qualquer
Volta pras casas da lida
Ia um gateado e um tordilho
Cruzando a várzea estendida.

Ia um índio no gateado
No tordilho outro campeiro
Um de pala a meia espalda
O outro de lenço e sombreiro.

Se largaram em paleteio
Que um olhar firma a carreira
desde as duas corticeiras
Até o cruzar da porteira.

É a rédea frouxa na mão
Contra uma espora segura
Quem sabe é por pataquada,
Por honra ou por rapadura.

Só sei que bem pareciam
dois tauras em disparada
uma carga de combate
Mas era só carreirada...

Hace tiempo no se via 
Uma carreira tão parelha
Era fucinho a fucinho 
Era orelha com orelha...

A várzea ficou pequena 
Pra mostrar como se faz
Uma carreira de campo 
Saltando barro pra trás.

O gateado mais ligeiro 
Que um tirambaço de bala
Cruzou o vão da porteira
Com o índio abanando o pala.

No tordilho outro balaço
Cruzou ligeiro num facho
Chapéu tapeado na aba
Mas firme no barbicacho
Quem perdeu e quem ganhou
Cruzaram assim num repente
Um diz que cruzou primeiro
O outro que ia na frente.

Coplas de Um Gaúcho Brasileiro


Coplas de Um Gaúcho Brasileiro
(Ângelo Franco)

Esta parada que eu carrego no meu jeito
Vem do meu peito embriagado de ideal
Eu sou de um povo que se fez a ferro e fogo
Guardando posto no Brasil meridional.

Os olhos firmes não retratam amarguras,
Pois as agruras não são mais que provações
Se rio pouco quando rio, sou sincero
Sei o que quero não nasci pras ilusões.

A cada dia que o Brasil fica mais velho
Eu me revelo mais gaúcho e brasileiro
Pena que os olhos do país às vezes turvam
E nos enxergam muito mais como estrangeiros.

É bem verdade que não somos agregados
Aos que parados choram pranto de miséria
Sangue latino, coração de terra bruta
A nossa luta é por trabalho e gente séria.

Nossas verdades têm razões nacionalistas
Como ativistas da cultura regional
Já não pregamos nenhuma separação
Revolução é dar a mão ao seu igual

Por isso eu digo pra cada brasileiro
Somos gaúchos com orgulho da nação
Apenas peço não esqueçam do Rio Grande
Que ainda temos o Brasil no coração

Pra Quem Morre De A Cavalo

Pra Quem Morre De A Cavalo
(Marcelo D´Ávila, Penna Flores)

Quando a morte arma seu laço
Num tiro justo nos tocos
Morrer em cima dum pingo
É honra dada pra poucos.

Fazer campa do lombilho
De uma encilha lindaça
E uma coroa trançada
Com os tentos do doze braças.

Quem, por campeiro e ginete,
Morre agarrado ao sovéu
Num buenas-noites pra terra
Sobe a cavalo pro céu.

A altivez do último gesto
Na mão que segura o freio;
Quem morre sobre um cavalo
Vai pro céu parar rodeio.

E quando pingo e ginete
Se irmanam na mesma morte
É que a tava do destino
Caiu clavada na sorte.

Uma ossamenta velada
Pela luz dos pirilampos:
Cavalo e homem plantados
No ventre fértil dos campos.

Bem Gaúcho Deu Pra Ver

Bem Gaúcho Deu Pra Ver
(Gujo Teixeira, Érlon Péricles, Ângelo Franco)

Que taura bem entonado aquele que vem na estrada
Vem numa pose de chefe, embora não mande nada
Vem faceiro escramuçando uma rosilha bragada
Que não come o ano inteiro, mas em setembro é amilhada

Os “arreio” do pachola, até se param “engraçado”
É um xergão de carda grossa, mas pequeno e desfiado
Pra sentar bem a carona, de couro seco empenado
Vai um basto duas “cabeça” da marca “Lombo Pisado”

Um loro de cada de cada pêlo, por supuesto remendado
Estribos de dois tamanho, um liso e um “trabaiado”
Sem se falar dos “pelego”, tingido e já punilhado
E a cincha no osso do peito, com uns 8 fio remendado

E assim se vai pela estrada, pachola abanando os “trapo”
Se sentindo um farroupilha, muito mais do que um farrapo
Com a mesma fibra de antes que a História mostra o porque
Embora meio estropiado, bem gaúcho, deu pra ver

Bem gaúcho, deu pra ver, assim se vai pela estrada pilchado no próprio ser

Vai num bocó nos “arreio”, Creolin e umas “bolacha”
No outro pra contrapeso, meio litro de cachaça
Nos tento duro e sem sova um laço de 12 braça
Remalhado “quaje” todo e há mais de ano não laça

Os “apero” corda chata são de feitio caprichado
Da marca do velho Guiba, por ele mesmo emprestado
Da pilcha nem se comenta, é uma bombacha amarela
E umas espora bem grande pra conversar com a barbela

Chapéu desabado e torto, um lenço azul, desbotado
Por sobre a camisa branca, com nome de um deputado
Faca de prata e revólver abraçados na guaiaca
Com 120 moedas que valem mais do que a faca

O Poeta E A Estrela


O Poeta E A Estrela
(Carlos Omar Vilella Gomes, Nilton Ferreira)

Ele buscava, sangrado,
Coisas suaves pra dizer...
Mas tinha versos povoados
De morte e de renascer.
Ela, tão bela, assistia
A alma dele incendiar...
Virar bem menos que cinzas
Pra depois ressuscitar.

Ele maldizia o sol
Que lhe ofuscava a visão;
Ela flutuava tão plena
No céu do seu coração.
Ela jamais desbotava...
Não deixava de brilhar;
Ele, sedento, implorava
Ganhar asas pra voar.

Ela de longe sorria
Pra quem sonhava tê-la
E no seu peito trazia
O céu de só uma estrela.
Ele sequer desconfiava
Entre suas nuvens de pó,
Que a estrela que lhe encantava
Era de um poeta só!

Que asas o levariam
Ao mais bonito dos céus?
Buscou asas de poesia
Com alma, pena e papel.
E ele então revoou
E desvendou infinitos,
Levando nessas alturas
Os seus amores aflitos.

Ele morreu, renasceu,
E continuou a escrevê-la...
Até que um dia encontrou
Os olhos da sua estrela.
E os dois zombaram da morte
Que castigava sem dó;
O céu de só uma estrela...
A estrela de um poeta só!

Quatro Cantos Do Planeta


Quatro Cantos Do Planeta
(Rodrigo Bauer, Ângelo Franco)
                       
São quatro irmãos, quatro tentos
De um laço sovado e forte!
Talvez os quatro elementos
Unidos no mesmo porte...
Ou mesmo a rosa-dos-ventos:
Leste, oeste, sul e norte...

...um trevo de quatro folhas
Prenunciando a própria sorte!

A sorte tem quatro faces,
Cada qual com seus atalhos!
Simbolizadas nos naipes
Pra quem conhece o baralho!
Na anca do pingo bate,
Mas volta sem atrapalho...

...a sorte anda num flete
Cola atada a quatro galhos!

São quatro vozes ouvidas
Nas estâncias, nos quintais...
Pelas várzeas estendidas,
Nas coxilhas, capitais...
Vão às vilas escondidas,
Voltam das perimetrais...

...quatro cantos do planeta
Com sotaques regionais!

Quatro pétalas contadas
Que formam um bem-me-quer...
No vento são espalhadas
Por onde o vento quiser!
Mas voltam na mesma estrada,
Cada um quando puder...

...são quatro irmãos, quatro tentos...
Três homens e uma mulher!