Cadastre seu e-mail e receba as atualizações do Blog:

Mostrando postagens com marcador 29º Ponche Verde da Canção Gaúcha. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador 29º Ponche Verde da Canção Gaúcha. Mostrar todas as postagens

Iramirim

Iramirim
(Rafael Machado, Kiko Goulart)

Iramirim resmungão...
Bom vizinho, companheiro,
Tão semelhante ao Barreiro
No quesito construção
Salvo pela decisão
De mesmo portando asas
Ter escolhido erguer casa
Pra baixo, dentro do chão!

Rude noção de ternura
Somada - antes de tudo -
Ao pampiano conteúdo
Da gaúcha arquitetura.
Só o colégio da planura
Sabe que ao descampado
Uma coisa é ser alado
Outra é gostar de altura.

Quando sem ocupação
Chuleio teu ir e vir.
- Como me entrete assistir
Tua movimentação!
Com tanto encargo, função...
Duvido muito sobrar
Tempo para lamentar
Ter nascido sem ferrão!

Como se nunca, jamais...
Por um acaso ou azar
Pudessem ameaçar
Tuas posses territoriais.
Numa dessas teus anais
Garantem que tua vinda
Pra essa terra tão linda
Foi para não sair mais!

Além disso – meu lindeiro –
Tem esse mel que fabricas.
- Não há doçura mais rica
E pura no mundo inteiro!
Quantas vezes de meleiro
Semeei punhados de cinza
Pra não perder – João ranzinza –
O rumo de teu carreiro.

- Quantos anos desde a infância...
Destas lides, seus enredos?
- Não posso contar nos dedos
Saudade, tempo... Fragrâncias!
Hoje os rumos são distância
E as cinzas, um pesadelo
À entordilhar meus cabelos
Conforme as circunstâncias.

Neste ofício pacholento
De amar o chão e cantá-lo
Já me espelhei nos galos,
Nos grilos, no próprio vento!
Só agora me concentro
E confesso sentir ciúme
Do telurismo que assumes
Embicando terra adentro!


Intérprete: Lisandro Amaral

Chasqueira Saudade

Chasqueira Saudade
(Rafael Ferreira, Robson Garcia)

Depois que virei a rédea do mesmo zaino de sempre
Pisando a réstia da lua, fio branco cortando estrada,
Nem quis olhar pelo ombro, aquilo que o rastro deixa,
Pois pra trás ficou um tanto, na tua trança colgada...

Me ajustei de peão por dia, na estância capitulina,
Golpeando égua de cima, buscando a plata que falta,
Mas na folga busco a volta, te olhando no pensamento,
Com teu sorriso de faixa, e o aroma bueno que exaltas,

Te mando um recadito, neste papel enrolado
Me desculpe os "modo errado", mereces mais, é verdade,
Mas cada linha é o meu peito, por entre um suspiro e outro,
Pois vi que o golpe de um potro tem menos dor que a saudade.

Atei com fita mimosa, colorada igual teu beijo,
Mandei uma flor juntito, que bem colhi tão rosada,
Talvez na hora que a pegues, ja esteja pálida e seca
Mas te prenda na intenção, não jogues fora por nada

Vai junto deste papel, um retalhinho de couro,
Uma lasca da desquina do bocal que vem sovado
Pois é a maior amostra da obrigação que sustento
Depois "das doma" eu regresso, pra ganhar o teu costado.

Intérprete: Marciano Reis